27 de novembro de 2008

Mortes, saques e pânico em SC

Florianópolis – Em meio à tragédia que já provocou a morte de pelo menos 84 pessoas em Santa Catarina, moradores de cidades atingidas pelas fortes chuvas, por deslizamento de morros e inundações convivem agora com o medo e a insegurança. Casas abandonadas começaram a ser saqueadas. Vândalos ainda invadiram farmácias e supermercados, levando não só comida ou remédios, mas bebida alcoólica e caixas de cigarros. A falta de solidariedade também ajudou a agravar a situação em cidades onde há racionamento de alimentos. Donos de padarias estariam vendendo pão francês por R$ 3 a unidade. O preço do litro da gasolina chegou a R$ 4.

Os números da tragédia não param de crescer. A quantidade de mortos “deve aumentar muito”, segundo avaliação do coordenador do SAT (Serviço Aerotático) no Estado, delegado Jonas Santana, que trabalha no resgate de moradores isolados. “Há muito mais mortos debaixo da terra”, diz o delegado. Há mais de 54 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas e cinco municípios em situação de calamidade pública.

O desespero é geral. Resgatados de helicópteros dos pontos mais isolados do estado, moradores gritam a jornalistas e pessoas que trabalham nos resgates em busca de notícias dos parentes. Não é possível saber ao certo o total de desaparecidos.

Saques

Em Itajaí, uma das cidades mais atingidas, pelo menos três supermercados e quatro farmácias foram saqueados. Alguns moradores disseram à polícia que utensílios domésticos foram levados por ladrões, e não pela enxurrada. O soldado do Corpo de Bombeiros Samuel Martins confirmou a ação dos criminosos.

“As pessoas saquearam o mercado, mas nem sempre levaram alimentos. Muitos aproveitadores acabam se misturando a quem realmente precisa”, contou Martins, que trabalha no resgate das vítimas.

O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Ronaldo Benedet, determinou que fosse intensificado o policiamento civil e militar nas áreas afetadas.

Enquanto as equipes de resgate mantêm as buscas em todo o estado, moradores vivem o drama de perder familiares e tudo o que tinham em casa. Renan Lescowicz, de 19 anos, deixou ontem o hospital onde estava internado desde a madrugada de segunda-feira para acompanhar o velório do pai, da mãe, do irmão e de seis vizinhos. Todos foram soterrados quando parte de um morro deslizou sobre sua casa e de outros moradores da Rua Angelo Rubini, em Jaraguá do Sul, Norte do estado.

Os corpos de Silvio e Mônica, os pais de Renan, e de Natan, o irmão de 11 anos, foram encontrados por equipes de resgate depois de horas de buscas, na noite de ontem.

“É muito difícil aceitar a perda de uma família assim” disse uma das vizinhas, Marlene Oderingie, durante o velório dos Lescowicz.

Bastante ferido e andando com dificuldades, Renan acompanhou o sepultamento em estado de choque, com uma enfermeira, voltando logo em seguida para o hospital. Quando tiver alta, terá de morar com parentes, já que sua casa foi totalmente destruída.

O estudante Franklin Sell, vizinho dos imóveis atingidos em Jaraguá do Sul, lembra do desespero em sua casa para que ninguém fosse soterrado. “Ouvi um barulho e, quando fui à sacada de casa, vi que estava tudo arrasado. Acordei todo mundo e saímos correndo para a rua, antes que fôssemos atingidos”, diz.

Veja como ajudar

Diversos órgãos se mobilizam na ajuda aos atingidos pelas enchentes. Veja como ajudar:

Defesa Civil de SC

O órgão abriu três contas correntes para receber doações em nome da pessoa jurídica Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ – 04.426.883/0001-57:

Banco do Brasil

Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7

Besc

Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.

Bradesco S/A

237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

Prefeitura de Curitiba

São 65 pontos na cidade para arrecadação de alimentos; produtos de limpeza e de higiene; roupas, sapatos e agasalhos; utensílios domésticos e móveis. As roupas e sapatos deverão estar em condições de uso e acondicionadas em embalagens plásticas, devidamente identificadas por tamanho e sexo.

Coleta nas Ruas da Cidadania, Armazéns da Família; Centros de Referência Assistência Social (Cras); prédio central da Prefeitura, no Centro Cívico; e Edifício Delta, no Alto da Glória.

Informações e endereços:

Telefone 156, da Prefeitura, ou 199, da Defesa Civil.

Juízes solidários

Campanha da Associação dos Magistrados do Trabalho da 9ª Região (Amatra IX). O valor arrecadado será será revertido na compra de mantimentos, agasalhos e bens de primeira necessidade para os desabrigados.

Doações:

Banco do Brasil – Agência: 3793-1 – Conta-Corrente: 9999-6 – CNPJ: 779546590001-01

Informações: (41) 3223-8734; amatra@amatra9.org.br; www.amatra9.org.br

(Fonte: Gazeta do Povo, 26/11/08)